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Doenças raras ainda representam desafio para saúde pública

Celebrado no último dia 28 de fevereiro, o Dia Mundial de Doenças Raras tem o objetivo de alertar a população sobre a incidência destas enfermidades e as dificuldades que seus portadores enfrentam no cotidiano. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 400 milhões de pessoas no mundo sofrem com doenças raras (DR). O desafio torna-se ainda maior considerando que 95% delas não possuem tratamento específico e dependem de uma rede de cuidados paliativos bem estruturada, que assegure uma melhor qualidade de vida aos pacientes atendidos. Mas, a questão reside também no significado do termo, não havendo unanimidade em torno do conceito “doença rara”.

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A maioria dos especialistas afirma que DR é aquela que afeta apenas uma pequena parcela da população. Por outro lado, algumas já se tornaram mais incidentes e o termo “rara” passou a ser questionado.

Analisando os conceitos adotados em diversos países, é possível situar as doenças raras na faixa das que possuem prevalência máxima variável de 0,5 a 7 por 10.000 habitantes. Apesar da denominação geral, algumas doenças podem ser consideradas “menos” raras em uma população do que na outra, como por exemplo a mucoviscidose, mais frequente nas populações caucasianas, explica a professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Magda Carneiro Sampaio. “Por outro lado, a doença falciforme (também conhecida como anemia falciforme) não é uma doença rara na nossa população, porque é mais comum em descendentes de africanos como somos a maior parte dos brasileiros”, pondera.

De acordo com Sampaio, as distrofias musculares, hemofilias, neurofibromatose, angioedema hereditário, erros Inatos do metabolismo e imunodeficiências primárias já configuram como doenças nem tão “raras” no Brasil.

Histórico – Até o início dos anos 80, havia poucas iniciativas no sentido de encarar as doenças raras como uma questão de saúde pública. Graças à atuação das organizações de pacientes e movimentos sociais, alguns avanços podem ser citados, como a criação, em janeiro de 2014, da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com médica geneticista e coordenadora clínica do Centro de Genética Médica do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF), Dafne Horovitz, existem mais de 7 mil doenças raras, sendo que 80% delas são de origem genética: as demais podem ser ocasionadas por infecções bacterianas, virais ou causas degenerativas.

Elas afetam, sobretudo, crianças de 0 a 5 anos, contribuindo para a morbimortalidade nos primeiros 18 anos de vida. “Lidamos com estas doenças no dia-a-dia. Algumas já são tão frequentes que não mais podem ser consideradas raras, como a Síndrome de Down”, pondera.

A especialista explica que para ser considerada rara, uma doença deve atingir 1,3 pessoas a cada duas mil. De acordo com dados da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), há 13 milhões de pessoas com doenças raras no Brasil.

A geneticista do IFF conta que as discussões a respeito do tema se fortaleceram em 2012, quando foi criado um Grupo de Trabalho (GT) para elaborar a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com doenças raras, envolvendo técnicos que trabalham com doenças raras, usuários do SUS, profissionais do Ministério da Saúde e da Coordenação Geral de Média e Alta Complexidade (CGMAC). “Esta portaria tem importância estratégica ao reconhecer os pacientes com doenças raras com um grupo importante, prevendo atenção integral e instituindo a necessidade da presença de um geneticista nos centros que tratam estas enfermidades, além do aconeselhamento genético”, acrescenta.

Avanços e perspectivas – Madga Sampaio destaca que os grandes progressos da genética molecular têm permitido a identificação das mutações gênicas que causam muitas dessas enfermidades. “Com isso, o aconselhamento genético, fundamental para a prevenção do aparecimento de novos casos, pode ser feito de forma mais segura”, afirma.

A professora, que também é presidente do Conselho Diretor do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC FMUSP), aponta que, em determinadas doenças, a identificação de portadores de mutações pode ser importante.

Por outro lado, em algumas doenças, o avanço da genética já tem permitido a terapia gênica, na qual se insere o gene “sadio” no DNA do paciente portador de determinadas mutações, em especial quando se trata de doenças ligadas ao cromossoma X. “Algumas imunodeficiências primárias constituem exemplo de boas perspectivas de terapia gênica, com resultados bem sucedidos para algumas formas de imunodeficiência combinada grave”, conclui.

O diagnóstico precoce e preciso, a qualificação de profissionais, a existência de infraestrutura adequada e o acesso garantido a medicamentos e tratamentos seguros são alguns dos caminhos que podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes com doenças que, em alguns casos, não são mais tão raras e demandam políticas específicas de atenção, prevenção e promoção da saúde.

Informações parciais. Confira o texto na íntegra, acessando o site: http://www.blog.saude.gov.br/

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Descoberta traz avanços no controle da asma

A asma é uma doença inflamatória crônica que ataca o sistema respiratório, resultando na obstrução ou, até mesmo, na interrupção do fluxo de ar. A grande maioria das pessoas com o mal pode controlá-lo com o uso de anti-inflamatórios e broncodilatadores, geralmente ministrados com a conhecida bombinha de ar. No entanto, uma porcentagem pequena desses indivíduos, cerca de 5%, não alcança um benefício expressivo com o tratamento, mesmo quando aplicado regularmente. Esse grupo é aquele diagnosticado com a forma mais grave da doença e passa por crises diárias de falta de ar, que, em alguns casos, podem levar à morte. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) se debruçaram por mais de 10 anos em casos clínicos da doença para desvendar as causas da ineficácia das atuais e mais avançadas terapias nesses pacientes para chegar a uma possível alternativa de tratamento.

Asma

O extenso trabalho de pesquisa clínica, realizado pelas equipes do pneumologista Rafael Stelmach e da patologista Thais Mauad, da Faculdade de Medicina da USP, mostra que a estrutura de todo o sistema respiratório dessas pessoas se encontra alterada. As vias aéreas, os alvéolos pulmonares e as bolsas microscópicas, que compõem o sistema respiratório, são mais enrijecidas e espessas que o normal. Essas alterações seriam consequência de inflamações persistentes, ocorridas provavelmente ainda na infância.

Thais Mauad estuda, desde 1998, amostras de tecido pulmonar extraídas de pacientes que faleceram por decorrência da asma. No início, pouco era conhecido sobre quais compartimentos pulmonares eram afetados ao ponto de levar o doente à morte — imaginava-se que era uma doença das grandes vias aéreas. As longas análises, contudo, mostraram que o mal se estende até as pequenas vias aéreas e revelaram um remodelamento pulmonar. Esse processo é responsável por alterar algumas proteínas que estão no pulmão e formam o arcabouço pulmonar. “Normalmente, dentro de uma via aérea, você tem uma composição de fibras elásticas responsáveis por trazer o pulmão ao estágio inicial após a expiração. Conseguimos mostrar que existe uma ruptura dessas fibras no paciente com asma”, descreve Mauad. Esses foram os primeiros achados de sua equipe.

Músculos

Ela relata que foi descoberta ainda uma soma de fatores estruturais que levam alguns pacientes a ter o tipo grave do mal. “Eles têm alterações estruturais importantes, e uma das principais, que tem sido foco de estudos nossos e de pessoas fora do Brasil, está no músculo que envolve a via aérea pulmonar”, detalha. Para chegar a esse ponto da pesquisa, Mauad uniu-se a Rafael Stelmach, que, em 2006, já começava seu estudo clínico. A equipe do pneumologista realizou uma coleta de dados por cerca de três anos e contou, ao final da avaliação clínica, com 55 voluntários que tinham como característica principal a dificuldade de controlar crises com a medicação tradicional. Ele também analisou detalhes importantes desses pacientes, como o tempo de doença, o grau de alergia, a capacidade respiratória e o nível de inflamação no sistema respiratório.

A hipótese de Stelmach era de que se fosse o usado o melhor tratamento em seu nível mais intenso, dois terços dos pacientes graves conseguiriam manter a doença sobre controle. A surpresa foi encontrar o resultado exatamente oposto. “Na verdade aconteceu o contrário. Um terço ficou controlado e os dois terços não. Houve uma inversão da hipótese. E um controle borderline, isto é, muito próximo do não controle”, relata Stelmach. Ele comparou então as características coletadas inicialmente e encontraram uma diferença pouco expressiva entre os dois grupos. De 30% a 35% dos pacientes que não haviam melhorado continuavam a apresentar uma capacidade respiratória muito inferior à de quem havia reagido à terapia como o esperado.

Com esse resultado, a equipe de pesquisadores partiu para uma outra fase do estudo: descobrir as causas para a ausência desse controle. Foi feita uma série de exames e a biópsia dos brônquios de todos os participantes, realizada por Mauad. “Aqueles que possuem mais músculo na via aérea são os que têm a doença mais grave, no sentido de que terem muita dificuldade de retornar ao estado de relaxamento dos músculos para a respiração”, explica a pesquisadora.

Esse fator corresponde a 30% dos pacientes identificados antes e caracterizados por uma obstrução fixa. “Foi encontrado que os músculos, os canais que conduzem o ar dentro dos pulmões, estão mais espessados, engrossados. Mostrando um componente de um músculo mais doente”, acrescenta Stelmach. Posteriormente, os cientistas observaram que esse grupo também tem algumas proteínas de enrijecimento, como o colágeno. “Há um endurecimento real na maior parcela desses pacientes que tem a obstrução.”

Futuro

A descoberta pode ajudar no desenvolvimento de uma terapia alternativa que possa atender a esses pacientes. Segundo Stelmach, já existem algumas possibilidades nessa direção. Medicamentos usados hoje para outras condições pulmonares podem tratar no futuro os indivíduos com a asma acompanhada de enrijecimento muscular. Atualmente, apenas o omalizumabe trata o tipo grave da doença, mas sem distinção da estrutura pulmonar. “Pacientes que são fumantes têm uma grande destruição do pulmão e um endurecimento importante dos brônquios, inclusive com características de músculos mais enrijecidos. Eles têm um tratamento exclusivo, voltado para doença pulmonar obstrutiva crônica, que une a bronquite e a enfisema. Pode haver uma expansão disso aos asmáticos graves no futuro”, acredita o pneumologista.

Outra opção mais moderna para solucionar o problema seria com o uso de um endoscópio pulmonar, instrumento que chega aos brônquios mais “musculosos” e emite vibrações de calor. Com isso, ele derrete um pouco do tecido, por meio de um processo chamado de termoplastia brônquica. “Para esses pacientes específicos com asma grave e um espessamento do tecido muscular podemos pensar em algumas soluções mais específicas. É um caminho para o tratamento moderno, mas ainda temos dúvidas, por estarmos em investigação.”

Informações parciais. Confira o texto na íntegra, acessando o site: http://sites.uai.com.br/

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