Um raio-x na saúde do Estado apontou um número preocupante: sete em cada dez emergências dos hospitais públicos do Estado de São Paulo têm problemas sérios para o atendimento dos pacientes.
O levantamento do Conselho Regional de Medicina aponta que faltam materiais, as equipes médicas estão incompletas e muitos pacientes são atendidos nos corredores.
Uma frase do presidente do Conselho Regional de Medicina resume bem essa situação: é desumano. São longas esperas por atendimento, pacientes internados em condições precárias e diagnósticos imprecisos.
Corredores lotados de macas com pacientes. Algumas colocadas no chão. A situação é de descaso, falta de higiene e cuidados básicos. Uma folha de papel colada na parede é o que identifica o paciente. O Hospital Municipal Ermelino Matarazzo fica na Zona Leste de São Paulo.
Na Zona Sul, Adriano, que está com um olho inchado, diz que depois de esperar quatro horas ouviu do médico que deveria voltar para casa e colocar gelo. “Vou procurar outro médico. Vou esperar uns dois dias para ver se melhora, senão vou procurar outro médico”, diz Adriano Reis de Oliveira, motoboy.
A doméstica Diana Aparecida Rebelo reclama da demora no atendimento. “Atendimento péssimo. Eu já vim passar aí, cheguei duas da tarde, cheguei duas da manhã com dor de estomago”, declara.
Os dois locais fazem parte de uma pesquisa do Cremesp, o Conselho Regional de Medicina, que fez uma blitz nos prontos-socorros da capital e do interior de São Paulo.
A pesquisa foi feita entre os meses de fevereiro a abril deste ano. Doze médicos contratados pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo visitaram 71 serviços de pronto-socorro vinculados ao SUS. O resultado é preocupante.
Segundo o levantamento, 57,7% têm macas com pacientes nos corredores. “Uma pessoa saudável não merece ficar em maca no corredor, quanto mais uma pessoa com um agravo à saúde tão importante que o levou a procurar um pronto-socorro. Isso é uma coisa desumana inclusive”, ressalta Renato Azevedo, presidente da Cremesp.
Ao todo, 59,2% têm falta de algum material. “Muitos faltava um colar cervical para politraumatizados, que é obrigatório usar quando há suspeita da trauma cervical”, diz o presidente da Cremesp.
E 57,7% estão com equipes médicas incompletas. “Faltam clínicos, pediatras, ortopedistas, cirurgião. Que é uma equipe mínima que deve ter um pronto-socorro. Vários hospitais tinham equipes médicas incompletas. É de uma gravidade muito grande”, declara Renato.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde diz que a “superlotação em alguns prontos-socorros de hospitais estaduais se deve, na maioria dos casos, à falta de estrutura das redes básicas de saúde de alguns municípios, que não faltam materiais nos prontos-socorros estaduais. E sobre a escassez de médicos, esta é uma realidade que afeta hospitais em todo o Brasil, não somente de São Paulo.”
A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo esclarece: “Está reestruturando a rede de urgência e emergência em conjunto com o Ministério da Saúde e que está contratando emergencialmente mais 320 médicos para o atendimento nos hospitais e prontos-socorros.
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